Vitrina, 13.12.2025 - As amputações de membros inferiores por causa da diabete estão a aumentar em São Tomé e Príncipe onde, entre 2023 e 2025, pelo menos 38 pessoas já perderam pernas, por cima ou por baixo de joelhos, indica um relatório do sistema nacional de saúde, divulgado durante as Jornadas científicas da saúde que decorreram esta semana na capital são-tomense.
“Este ano tivemos o maior pico. Por exemplo no ano de 2023 tivemos dez amputações e oito delas eram amputações maiores, por cima ou por debaixo do joelho. E este ano já vamos em 28 amputações”, lamentou o ortopedista Jairson Vasconcelos.
O médico Jairson falava no segundo dos três dias da jornada científica da saúde, durante a discussão do tema “Estratégia para melhorar a avaliação do pé diabético na atenção primária em São Tomé e Príncipe”.
As autoridades sanitárias reconhecem que essas amputações estão a ter influência psicológica bastante negativa nos pacientes e alguns familiares mais próximos, mas o sistema nacional de saúde não tem informações credíveis que permitem o controlo desses pacientes ou mesmo de outras pessoas afetadas pela diabete.
Sabe-se que vários pacientes cujas pernas foram amputadas acabaram por falecer, por não conseguir conviver com a ideia de terem um membro amputado.
“Uma das estratégias é criar uma base de dados do sistema de saúde para saber quantos pacientes nós temos no país. Sabendo quantos eu tenho em Água Grande e quantos eu tenho em Caué, consigo monitorar e seguir estes pacientes. E é um trabalho de casa que o sistema de saúde deve desenvolver”, aconselhou o médico.
A jornada científica da saúde foi organizada com objetivo de definir estratégias de atuação sobre a evolução de determinadas doenças no país, mas concretamente sobre a diabete Jairson Vasconcelos defende a “capacitação de profissionais de saúde, tanto médico como enfermeiros para diagnosticar pacientes com estas lesões, para que não cheguem tardiamente ao hospital”.
O médico, orador do tema “Estratégia para melhorar a avaliação do pé diabético na atenção primária em São Tomé e Príncipe” considera que em alguns casos as diabetes podem ser evitadas, mas em outros casos a doença é irreversível.
“A diabete quando nos afetam por questões genéticas, nós não temos como evitar, mas quando é pelo estilo de vida, uma dieta rica em açúcar, pode desenvolver a doença”, explica Vasconcelos.
M. Barros