Vitrina, 17.12.2025 – O presidente da República manifestou-se insatisfeito com o serviço prestado pelo canal português da RDP-África em São Tomé e Príncipe.
Carlos Vila Nova que falava a jornalistas no final de uma visita a Radio Nacional de São Tomé e Príncipe (RNSTP) instou a RDP-África a rever a sua política e “fazer uma introspeção” sobre o seu papel em São Tomé e Príncipe, “porque, de facto, essa questão dos correspondentes tem que ser esclarecida e se calhar introduzir reformas no seio delas”.
Reformas que Carlos Vila Nova entende como necessárias, “até para respeitar os próprios contribuintes e ver se os objetivos para os quais a RDP-África foi criada estão a ser cumpridos”.
O chefe de estado são-tomense comentava a recente entrevista dada a RDP-África pelo ex-primeiro ministro Patrice Trovoada, ausente do país há mais de dez meses, desde que foi demitido do cargo.
“Essas conferencias de imprensas já começam a ser habituais, parece-me atos muito encomendados, a retórica é a mesma, não muda, sempre até do lado jornalístico os mesmos protagonistas, eu até surpreendo-me como é que correspondente de São Tomé e Príncipe de uma grande estação se preste, as vezes a esse tipo de papel”, disse Carlos Vila Nova.
O presidente da república lembra que apesar da RDP-África ter a sua linha editorial, “deixa algo que nos preocupa”.
Numa extensa entrevista dada a RDP-África, Patrice Trovoada garante que regressa em maio do próximo ano a São Tomé para dirigir os trabalhos do congresso extraordinário do seu partido, que vai escolher o candidato único para as eleições presidenciais que se avizinham. Patrice Trovoada não escondeu o desejo de se candidatar para estas eleições como candidato da Ação Democrática Independente (ADI).
O chefe de estado diz não ter qualquer comentário a fazer sobre o desejo de regresso ao país manifestado pelo antigo primeiro-ministro.
“As pessoas têm liberdade para fazê-lo, desde que as condições estejam reunidas para que a pessoa possa regressar”, disse Vila Nova.
Sobre o congresso do próximo ano descartou qualquer comentário, mas criticou a reunião do conselho nacional que indicou Abenildo de Oliveira como candidato a presidente do partido e também onde Américo Ramos, primeiro-ministro manifestou-se como candidato.
“Sobre o congresso, na qualidade de presidente da república é um assunto político-partidário e por isso não devo me pronunciar sobre ele, mas como cidadão, dizer que aquilo que se passou no conselho nacional é uma farsa”, sublinhou.
Concretamente sobre a sua visita a Rádio Nacional, Carlos Vila Nova lembrou que a sua deslocação a esta estação emissora “não foi programada. Foi uma visita que no decorrer do meu expediente do período da manhã, entendi que deveria fazê-la antes do final do ano”.
“Avisei quase em cima da hora, quer dizer que ninguém teve tempo de se organizar e me mostrar o que eu quero ver” disse o presidente da república.
“Eu vi aquilo que devia ver e naquilo que me toca, eu não deixarei de exercer a minha magistratura, o meu papel, o simples facto de eu estar aqui já é muito importante, já é exercer essa magistratura e nós continuaremos a acompanhar de perto onde nós poderemos por mais uma colher, mais uma mão a ver se conseguimos melhorar”.
M. Barros